Sublimar faz (p)arte

Abstract

Resumo: A presente pesquisa teve por objetivo analisar a trajetória de Freud à Lacan acerca do conceito psicanalítico de sublimação, e qual a sua relação com o fazer artístico. Através dos métodos exploratório e bibliográfico, buscou-se na literatura relações entre os temas "arte, psicanálise e sublimação". Os dados foram encontrados em três plataformas: a Biblioteca Eletrônica Científica Online SciELO, o Portal de Periódicos CAPES e no Google Acadêmico. Foi feita uma retomada acerca do conceito de sublimação, indo de seu início com Freud até a releitura de Lacan, explorando a relação da sublimação o ato criativo. A sublimação freudiana se trata de um conceito marcado por lacunas, que vai da descrição de uma dessexualização da pulsão sexual à erotização da pulsão de morte. Entretanto, em ambas as descrições freudianas a sublimação pode ser definida como um processo que ocorreria através da instancia do Eu. Já Lacan, define a sublimação como um processo que elevaria o objeto à dignidade de Coisa. A Coisa lacaniana se relaciona com a falta originária, aquilo que marca a nossa condição como seres humanos sexuados e mortais. Dessa forma, para Lacan não existe um "Eu" que comanda o ato criativo, uma vez que a Coisa remete as origens do desejo, anteriores ao Eu. A arte foi um tema frequente de estudo pela psicanálise. Freud aponta a arte como uma ponte entre o princípio da realidade e o princípio do prazer, um local onde algo semelhante à realização de seus desejos pode ocorrer. A atividade criativa se mostra como uma forma de "construção de fantasia", aqui podemos partir do ponto que uma pessoa feliz nunca fantasia, somente a pessoa insatisfeita. Desta forma há um parentesco entre a neurose e a criação artística, e entre os sintomas neuróticos e as obras de arte, pois ambos buscam a satisfação dos desejos fora da realidade. Porém a obra de arte obtém o que a neurose não é capaz de realizar, através da sublimação ele é capaz de transformar suas fantasias em obras de arte, ao invés de instaurar uma neurose. Ao fim da pesquisa, observou-se que a relação entre o conceito de sublimação e o fazer do artista está presente desde o início da conceituação teórica acerca do processo sublimatório. Entretanto, a sublimação não reduz e nem comtempla toda a produção artística. A arte não deixa, porém, de ocupar o lugar de uma espécie de modelo sublimatório.

Abstract: The present research aimed to analyze the trajectory of Freud to Lacan about the psychoanalytic concept of sublimation, and what is its relationship with artistic making. Through exploratory and bibliographic methods, was sought in the literature for relationships between the themes "art, psychoanalysis and sublimation". The data were found on three platforms: the SciELO Online Scientific Electronic Library, the Portal de Periódicos Capes and in the Scholar Google. Was made a return to the concept of sublimation, going from its beginning with Freud to Lacan's reinterpretation, exploring the relationship between sublimation and the creative act. Freudian sublimation is a concept marked by gaps, going from the description of a desexualization of the sexual drive to the eroticization of the death drive. However, in both Freudian descriptions, sublimation can be defined as a process that would occur through the instance of the Self. Lacan, on the other hand, defines sublimation as a process that would elevate the object to the dignity of Thing. The Lacanian Thing is related to the original lack, that marks our condition as sexual and mortal human beings. Thus, for Lacan, there is no "Self" that commands the creative act, since the Thing refers to the origins of desire, prior to the Self. Art was a frequent theme of study by psychoanalysis. Freud sees the art as a bridge between the reality principle and the pleasure principle, a place where something similar to the fulfillment of your desires can occur. Creative activity is shown as a form of "fantasy construction", here we can start from the point that a happy person never fantasizes, only the dissatisfied person. In this way, there is a relationship between neurosis and artistic creation, and between neurotic symptoms and works of art, as both seek to satisfy desires outside of reality. However, the work of art obtains what the neurosis cannot, through sublimation it is able to transform fantasies into works of art, instead of establishing a neurosis. At the end of the research, it was observed that the relationship between the concept of sublimation and the artist's doing has been present since the beginning of the theoretical conceptualization about the sublimation process. In conclusion, sublimation does not reduce or contemplate all artistic production. However, art does not fail to take the place of a kind of sublimatory model.