A violência simbólica nas questões de gênero no ambiente escolar : a percepção de estudantes e professores do ensino médio

Abstract

Resumo: A escola deveria ser um ambiente de oportunidades e discussão de preconceitos, entretanto continua a reproduzir padrões sociais de gênero que mantêm assimetrias de poder, retirando direitos humanos básicos e permitindo que a estrutura social se mantenha. Esta manutenção se dá, na maioria das vezes, pela violência simbólica a qual nem sempre é percebida por quem a prática ou é alvo dela. Tal situação é frequentemente presente no ambiente escolar. O presente estudo visa identificar se existe e qual é a percepção de educadores e alunos do ensino médio em duas escolas do município de Taubaté sobre gênero e violência simbólica no ambiente escolar, assim como os aspectos facilitadores e dificultadores que envolvem a questão de gênero e conhecer se existem e quais são as práticas desenvolvidas por educadores sobre a questão de gênero. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa. Participaram da pesquisa dois grupos de alunos de escolas de ensino médio (uma escola privada com 4 alunos e outro de escola pública, com 5 alunos), com a técnica do grupo focal e seis professores do ensino médio utilizando como instrumento, a entrevista orientada por um roteiro. A análise dos dados foi realizada por meio da técnica de triangulação, articulando as narrativas dos participantes ao contexto nos quais foram produzidas seja no nível micro quanto macrossocial e o diálogo com autores que discutem a temática. Como resultados encontramos: a representatividade LGBTQIA+ é vista como aspecto facilitador para a discussão de gênero na escola pelos corpos docente e discente. O preparo técnico dos educadores também foi uma questão trazida por alunos e professores, compreendendo que a graduação e a Educação continuada são fundamentais para profissionais bem preparados. O machismo foi trazido mais pelas alunas, e apenas um professor apontando como questão relativa ao gênero. Os alunos entendem a escola como local de formação da sua autoestima. Para os alunos LGBTQIA+ que muitas vêzes não tem apoio da família, a escola torna-se fundamental. Parte das famílias, por questões religiosas ou morais, deixam de apoiar as questões de gênero dos filhos, deixando-os em situação de vulnerabilidade. A violência simbólica está presente na maioria das narrativas tanto de professores quanto das/os/es estudantes e perpassa as estruturas escolares sem, muitas vezes, a percepção de seus atores. Por fim, entendemos que estudar a violência simbólica nas questões de gênero do espaço escolar é fundamental para a criação de estratégias de enfrentamento dos preconceitos e impactar de forma positiva e construtiva, toda a sociedade, trazendo a prática da cidadania e a garantia de Direitos Humanos a todos.

Abstract: The school should be an environment of opportunities and discussion of prejudices, however, it continues to reproduce social patterns of gender that maintain power asymmetries, removing basic human rights and allowing the social structure to be maintained. This maintenance occurs, most of the time, by symbolic violence which is not always perceived by those who practice it or are the target of it. Such a situation is often present in the school environment. The present study aims to identify the perception of educators and high school students in two schools in the municipality of Taubaté about gender and symbolic violence in the school environment, as well as the facilitating and hindering aspects involving the issue of gender and to know the practices developed by educators on the issue of gender. Methodologically, it is a research with a qualitative approach. Two groups of high school students participated in the research (a private school with 4 students and another from a public school with 5 students), with the focus group technique and six high school teachers using the interview guided by a script. Data analysis was performed using the triangulation technique, articulating the participants' narratives to the context in which they were produced, both at the micro and macro-social levels, and through dialogue with authors who discuss the theme. As a result, we found: LGBTQIA+ representation is seen as a facilitating aspect for the discussion of gender at school by the faculty and students. The technical preparation of educators was also an issue raised by students and teachers, understanding that graduation and continuing education are essential for well-prepared professionals. Machismo was brought up more by the students, and only one teacher pointed it out as an issue related to gender. Students understand the school as a place where their self-esteem is formed. For LGBTQIA+ students who often lack support from their family, school becomes essential. Part of the families, for religious or moral reasons, fail to support their children's gender issues, leaving them in a vulnerable situation. Symbolic violence is present in most of the narratives of both teachers and students and permeates school structures, often without the perception of its actors. Finally, we understand that studying symbolic violence in gender issues in the school space is fundamental for the creation of strategies to face prejudice and positively and constructively impact the whole society, bringing the practice of citizenship and the guarantee of Human Rights to all.